"Há cem anos já a Biblioteca Pública de Évora (BPE) celebrava um século de existência, depois de ter sido fundada pelo arcebispo Frei Manuel do Cenáculo. Uma figura ímpar do iluminismo português, que a história descreve como tendo sido um clérigo poderoso e culto, a quem a generosidade permitiu lançar a primeira pedra daquela que é, há décadas, a maior riqueza cultural do Alentejo e uma das mais antigas e ricas bibliotecas do país. A afirmação faz-se sem risco de erro, bastando levar em linha de conta as colecções da BPE, depois de um "conjunto de circunstâncias" terem ali juntado um espólio recheado de documentos raros e únicos. Que o digam os 664 incunábulos e os 6445 livros impressos datados do século XVI. Sem perder de vista núcleos de documentos manuscritos de cartografia, música impressa e mais de 20 mil títulos de publicações periódicas.
Por ser beneficiária do Depósito Legal, há 75 anos, a BPE tem ainda logrado aumentar a bibliografia corrente, sendo que hoje as suas colecções superam os 612 mil volumes, traduzindo-se num autêntico pólo de atracção de investigadores de todo o país, a par de curiosos de todo o mundo. Por aqui passaram célebres bibliotecários, casos de Joaquim Heliodoro da Cunha Rivara e Augusto Filipe Simões.
Situada em pleno centro histórico de Évora, "cravada" entre o templo romano e a Catedral, a BPE ainda ocupa um edifício que funcionou como Paços do Concelho entre os séculos XIV e XVI, e onde esteve alojado o Tribunal da Relação e o Colégio dos Moços do Coro da Sé.
Toda a carga a histórica se conjuga para que a BPE se assuma, naturalmente, como um dos elementos incontornáveis do Património Mundial que qualifica a cidade, cumprindo actualmente a missão de biblioteca patrimonial e de investigação, que privilegia ainda o acesso à informação e lazer."
Fontes: Texto - Diário de Notícias - 29-08-2006 Foto
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